sábado, 6 de setembro de 2008

E agora, como ficam os grampos?

É de nos encher de orgulho o conteúdo do belíssimo diálogo entre o senador Demóstenes Torres e o Presidente do STF, Gilmar Mendes, supostamente captado por escutas telefônicas ilegais. Coisa mais linda! Sem palavrões, nada de informações constrangedoras, nada de confissões perigosas. Os dois apenas falaram de preocupações sobre o andamento de CPIs e da ordem jurídico-institucional do país. Que maravilha!

Onde estão os calorosos elogios a esses dois grandes brasileiros? Puxa vida, pela primeira vez na nossa história o conteúdo de uma escuta telefônica, não importa se legal ou ilegal, vem a público sem constranger pelo menos um dos interlocutores, e mesmo assim não saímos por aí cantando loas e compondo poemas épicos para falar da honradez de ambos! E a indignação tem mesmo que ser muito grande com o expediente do grampo. Afinal, um Senador da República e o Ministro-Presidente do Supremo são ilegalmente grampeados, quando apenas queriam discutir questões nobres, que deveriam ser do interesse de toda a sociedade. Que injustiça.

Depois de uma dessas, fica mesmo difícil haver clima para tal tipo de serviço, ainda que ele seja necessário e feito de forma legal. Por isso, a coisa deve se complicar para quem for realizar certas investigações. O Governo Federal sentiu-se acuado e “mordeu a isca”, e mudanças vêm por aí.

Deve haver gente comemorando...

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