sábado, 3 de janeiro de 2009

Quem tem medo do Acordo Ortográfico?

O tal Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa já está deixando algumas pessoas em polvorosa. Há quem pense que, em meio a tanta coisa urgente, não se deveria mexer nisso; outros – sobretudo os que têm bom domínio da ortografia – mostram-se insatisfeitos pelas alterações perpetradas; há aqueles que não sabem o que fazer de agora em diante no que se refere aos textos que eventualmente produzem. Eu soube de caso até de pessoas que atribuíram as mudanças às supostas dificuldades do presidente Lula com a língua, isso, caro leitor, a despeito de o acordo ter sido assinado em 1990! (Além disso, como bem lembrou Mino Carta há alguns meses, o presidente brasileiro tem se saído muito acima da média no uso da “inculta e bela”, mesmo em falas de improviso, não passando, portanto, de ato da mais absoluta má vontade dizer o contrário).

Mostrar-se refratário às mudanças contidas no Acordo é puro conservadorismo. Os apaixonados por assuntos de lingüística adoram mostrar-se empolgados com a “vida” que há por trás das línguas: “a língua é uma coisa viva”, dizem eles. Aí, quando há algumas pequenas alterações de ortografia, aparecem uns e outros para desancá-las quase com ódio? Ademais, já houve outras mudanças, facilmente reconhecíveis pelos freqüentadores de sebos e, conseqüentemente, consumidores de livros antigos, impressos antes de 1971: não há, aparentemente, registros de maiores estragos que tenham sido provocados por elas!

Quanto aos que escrevem algumas bobagens por aí, a situação é em princípio bastante simples: conforme reza o Decreto que regulamenta o Acordo, pode-se usar tanto a “nova” quanto a “antiga” ortografia até 2012. Este escriba aqui, seguindo em parte o conselho do blogueiro Eduardo Guimarães, continuará cometendo erros na ortografia antiga, até que se julgue mais ou menos apto a fazer burradas na nova.

Mas não vamos nos esticar muito nesse assunto, pois em breve haverá até quem ache engraçado o fato de ter existido gente que chiasse com as tais alterações, as quais não afetam mais do que 0,5% do nosso léxico.

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