sábado, 21 de março de 2009

Demissão oportunista - ou pacto de elites

Delfim Neto certa feita disse que “jornalismo de economia não é nem uma coisa nem outra”. A frase é perfeita para gente como Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg. Não a merece, todavia, o competente Joelmir Betting, do grupo Bandeirantes.

Joelmir, na sua coluna para o BandNews em 13-03-2009 (assista aqui) comentou acerca do fenômeno “demissão oportunista”. Em linhas gerais, isso se dá quando se aproveita um “ambiente de crise” para fazer um enxugamento nas empresas, mesmo que disso não haja tanta necessidade. O comentarista da Band sentencia que o discurso da crise acaba por dar uma “roupagem politicamente correta” a demissões sem sentido.

Antes de mais, registre-se que essa bola já vinha sido cantada em muitos blogues e sites independentes, além de por sindicalistas e por alguns nomes do governo. Ademais, fica sugerida no comentário de Betting a responsabilidade dos meios de comunicação nos dramas vividos pelos trabalhadores. O terrorismo midiático, levado a cabo mesmo em momentos que a situação se mantinha sob controle no Brasil, serviu aos grandes grupos empresariais (não por acaso grandes anunciantes) como desculpa para fazer alguns “pequenos ajustes” no seu contingente de força de trabalho.

Já tivemos dois exemplos recentes de como jogar água no moinho do discurso da crise: o PIB brasileiro de 2008 alcançou extraordinários 5,1%, mas a notícia que a imprensa considerou “boa” mesmo foi a da queda de 3,6% no último trimestre (!); a excelente notícia de que a criação de vagas formais em fevereiro ficou positiva foi minimizada, por sua vez, pela informação de que o resultado é extremamente inferior ao do mesmo mês do ano passado.

Se quisesse, portanto, a imprensa poderia escolher os aspectos mais positivos das notícias. Mas isso, convenhamos, também não seria de todo certo; o melhor a fazer seria contextualizá-las e, conseqüentemente, equilibrá-las. Mas ao adotar sempre o pior ângulo, a mídia aprofunda o sentimento de crise e deixa tranqüila a consciência dos empresários que querem reduzir custos dizimando postos de trabalho (de quebra, ainda ajuda os seus amigos do PSDB e do DEM). Isto é que é pacto de elites!

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