sábado, 28 de março de 2009

Estadualzão? Estadualzinho!

Mais do que a qualidade dos espetáculos, o que se tem visto nas manchetes referentes aos campeonatos regionais de futebol Brasil afora são não raras cenas de violência explícita envolvendo torcedores: muitos se digladiando entre si, alguns enfrentando a polícia, outros sacrificando a própria vida. O recurso a tais atos violentos obviamente merece o mais veemente repúdio, independentemente das circunstâncias. Mas, se é que um pouco de cinismo é permitido, o que mais impressiona é que haja quem arrisque a própria vida e a de outrem ou que se atreva a desafiar a lei em nome dessa estupidez que se chama campeonato estadual. Mas, acreditamos, já deve ter gente competente analisando tal comportamento a luz dos estudos de anomias sociais. Registremos por enquanto nossa incompreensão de que se mate e se morra por tamanha besteira.

Campeonato paulista, campeonato carioca, mineiro, gaúcho, cearense: esses troços não somente não servem para absolutamente nada, como é deveras difícil entender por que ainda conseguem agradar àqueles que deveriam ser os mais exigentes torcedores do mundo. Será que apenas as dimensões continentais de um país absolutamente louco por futebol explica o interesse por tamanha sandice? Ou será que o empenho principalmente da televisão – e de toda a mídia a reboque – é capaz de inculcar nos incautos torcedores que eles precisam se deslumbrar com os ridículos torneios disputados nos seus estados? Descartamos, por ora, a baboseira da rivalidade ou da tradição, haja vista que justamente o excesso de jogos provocado por campeonatinhos babacas como esses banalizou encontros que poderiam, de fato, guardar alguma aura especial para os lugares em que se realizam (um Corinthians e Palmeiras, por exemplo, poderia ser um evento que parasse a cidade de São Paulo; mas hoje, em virtude do excesso de confrontos diretos, não representa quase nada).

O campeonato paulista, porém, tem atraído especial interesse por causa da presença do já lendário jogador Ronaldo, que surpreendentemente vem fazendo boas apresentações. O mais certo entretanto seria apiedar-se da situação do craque, o qual deveria estar atuando num campeonato mais respeitável, como aliás tem sido o digno “Brasileirão”, que finalmente encontrou seu norte no justíssimo sistema de pontos corridos. Tomara que o craque não melhore muito e principalmente que não entre no melhor de sua forma tão rapidamente, caso contrário logo sairá do Brasil e ficará de fora de um torneio que de fato mereceria ter suas imagens distribuídas para todo o mundo, diferentemente da bobagem que ousam chamar de “paulistão”.

E por falar em bobagem, o que dizer do time do Palmeiras? A equipe tem desempenho magnífico no “paulistinha” (chamemo-lo mais apropriadamente assim) ao mesmo tempo em que passa vergonha na gloriosa Libertadores. Será que existe algum palmeirense na face da terra que não preferiria que a coisa se desse de forma inversa?

Não tenho dúvidas que muitos cronistas esportivos, alguns poucos torcedores e até mesmo jogadores pensam de maneira semelhante à que humildemente expomos aqui. Será que não está na hora de se iniciar uma campanha para pôr fim ao circo de horrores representado pelas pendengas estaduais?

No ano passado, a coisa já era horrível. Se quiser passar mais um pouquinho de raiva, leia o que escrevemos lá clicando aqui.

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