quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As maiores riquezas do mundo (crônica brasileiro-boliviana)

O Páteo do Colégio é maravilhoso. Esperar o ônibus no ponto incrustado nele chega até a ser um prazer!

Casalzinho com um bebê no colo junta-se aos que aguardam o transporte na manhã ensolarada. Eles eram, provavelmente, bolivianos. Com forte sotaque, o marido pergunta se ali passa o ônibus para a Lapa. Vão à Polícia Federal. Regularização, talvez?

Um simpático senhor - não menos de 50 não mais de 60 - responde que sim, ali é parada do Lapa.

O senhorzinho não resiste e começa a brincar com a criança. O menininho corresponde. "Isso é a maior riqueza do mundo!", diz o homem, apertando a mãozinha do moleque.

Mas ele, enquanto se divertia com o pequeno, pensava noutra riqueza, talvez um pouco menor do que aquela. Ao Ver que o pai do garoto ficara feliz de ele estar sendo tão bacana com o filho dele, logo entabulou conversa com o boliviano.

- Você faz bem de estar neste país. É um país rico. Na hora em que começarem a tirar esse petróleo todo que a gente tem, você vai ver! Daqui a uns cinco, seis anos, a gente já vai estar sentindo.

O andino concordava de forma efusiva. A mulher, enquanto arrumava a roupa do gurizinho, sorria um tanto timidamente. Sorriso de esperança, é bem possível.

Continuou o homem:

- Porque eu vou te falar, viu, o Brasil...

Meu ônibus chegou. Não sei como terminou a frase.

Fiquei pensando numa coisa: eis o drama da imprensa e da oposição. É isso, talvez, o que o sociólogo Emir Sader chama de "enigma Lula". Não há saída, é o "decifra-me ou te devoro" mesmo. O povo, que não é bobo, quer um presidente otimista e que aposte no futuro do país. Não está nem aí para o derrotismo e a "fracassomania" da mídia, tampouco se deixa levar pelas sabotagens da oposição.

Talvez valesse a pena pensar nalguns "detalhes": Lula está empolgado com o pré-sal, mas não será, do ponto de vista político-pessoal, seu maior beneficiário, haja vista que os resultados de sua exploração demorarão para aparecer. Ele parece não se preocupar com isso. Observe-se que mesmo o senhorzinho do ponto de ônibus não quis, em absoluto, fazer campanha para o presidente. Exageradamente otimista, ele falou de frutos que virão daqui a cinco ou seis anos, ou seja, quando Lula não estará mais no Planalto.

Não é difícil concluir que a oposição e a mídia podem estar se afundando mais, quando demonstram má-vontade para com a riqueza recentemente descoberta no Brasil, na ingenuidade de que ela só beneficia o atual presidente e seus possíveis projetos políticos. O comportamento do homem do ponto de ônibus e do seu novo "amigo" boliviano indicam que o povo não está nem aí com isso: quer apenas um país bacaninha para se viver, sem canalhice política, nada mais.

Sorte de Lula se só ele é capaz de entender isso.

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